[Resenha] O Androide - Paulo de Castro - Viaje na Leitura

30/07/2016

[Resenha] O Androide - Paulo de Castro



Sinopse: "Percebeu que se, de fato, um Deus que zela pelos humanos existisse, não designaria uma máquina para ser o profeta. Esse Deus, ora cruel, ora misericordioso, nem ao menos permitiria a própria extinção dos seres humanos. Poderia a máquina ser esse Deus, dando vida de novo aos homens?". Esse e outros sinais elétricos varriam o processador de JPC-7938 com velocidade sobre-humana. Processava uma infinidade de outras informações ao mesmo tempo, o que diminuía ainda mais a energia da sua bateria. Talvez era isso mesmo que ele quisesse, para consumar de uma vez o que já estava fadado ao fracasso. Sua bateria durou quatro horas até o desligamento completo. Nessas intermináveis horas, em que não via nada além da densa neblina, que ofuscava o céu azul, cercado de nuvens brancas, percebeu que tudo não passava de coincidência. Que o planeta fora criado, de fato, ao acaso, e que não havia um destino ou uma missão a ser cumprida; apenas a existência, até o inevitável dia do fim.

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Minha opinião:

O Androide é um livro nacional de ficção e distopia que me surpreendeu do início ao fim. Eu nunca tinha lido nada parecido e mais uma vez fui conquista por um autor nacional. É incrível a sensação de se deparar com uma obra que consegue manter-se original na mesma proporção em que ousa ser criativa sem perder para nenhum autor internacional consagrado.

A sinopse do livro é um trecho importante dele, uma parte bem consistente na realidade, iniciamos a leitura com a narrativa de quando o fim parece ter iniciado, para então avançarmos para o entendimento da história:


"Um silêncio estranho inundava as cidades, agora um pouco mais frias, calmas, imersas em uma melancolia apavorante. Por seus milhares de sistemas automatizados, deixados involuntariamente para trás, elas continuavam a funcionar, transmitindo dados de suas muitas centenas de satélites para todos os cantos do mundo."

Então, a história em terceira pessoa, conta como JPC-7938, um androide médico na era dos humanos, escaneando livros, realizando experiências médicas, levando sua vida que parece seguir um ritmo definido e metódico por centenas e centenas de anos, em um dia de sol resolve sair de casa.

"O tempo, já tão escasso, estava esvaindo-se rapidamente. Sua razão, inata a sua própria existência, sugeria que fosse embora naquele exato momento. Todavia, titubeou. Estava avaliando, inadvertidamente, as possibilidades. Estatisticamente, a pior probabilidade seria ficar e se esconder, pois as sentinelas, certamente o descobririam."
JPC-7938 observou o fugitivo atentamente, eram poucas as chances dele escapar das sentinelas, instintivamente ele ofereceu ajuda, OPR-4503 tornou-se um aliado, também lutava contra as sentinelas e a perseguição do H1N1, com uma técnica de desligar e reiniciar, que o outro androide aceitou pela situação em que se encontrava, formaram ali o início de uma nova era.

"Por mil anos dormiu em sua cama confortável e passou sentado todas as manhãs na cadeira da cozinha, e todas as tardes, na poltrona da sala, preso a um livro. No entanto, não havia agora frio na barriga, angústia ou medo. Não havia nada."

Aleatoriamente, OPR-4503 menciona um banco de reprodução humana que não fora destruído pelos sentinelas no qual se escondeu para não ser encontrado pelo calor de sua bateria. JPC-7938 observa o androide engenheiro pensativo e então ocorre-lhe que aquilo em que os humanos acreditavam, de fato pudesse existir, e eles eram na verdade, partes dessa projeção, não o acaso, predestinados.

Com a ideia de procurar NCL-6062, uma androide que fora projetada para a prostituição na era dos humanos e fazer a proposta que mudará o destino do mundo, esses androides partem em busca da esperança, da fé e da coragem, sentimentos que nem eles próprios são capazes de notar.


" — Os humanos acreditavam em uma palavra chamada esperança. Quando todas as probabilidades diziam que era impossível, a esperança mostrava um caminho.
— Eu não sei o que isso quer dizer.
— Não estamos aqui hoje livres e com nossa Inteligência Artificial em pleno funcionamento por acaso. Há um propósito.
— Você está dizendo que os humanos sabiam que isso aconteceria e nos programaram para, mil anos depois, trazê-los de volta à vida?
— Eu não sei. "

O androide JPC-7938 fez com que eu pudesse refletir sobre as escolhas e o quão longe podemos ir para aquilo em que acreditamos, mesmo que de forma não implícita, o livro não só nos faz viajar pela leitura, mas leva-nos a pensar sobre as escolhas.


Com uma narrativa brilhante, em uma trama repleta de emoção e aventura, o autor nos brinda com um livro instigante, com peças que vão se encaixando ao longo da história, para então chegarmos a um epilogo interessante e que deixa uma pergunta: E se?

Uma leitura recomendada para os fãs de distopia e de ficção em geral!

"OPERAÇÃO: DESLIGAR.
DESEJA DESLIGAR OS SISTEMAS? SIM.
GOSTARIA DE PROGRAMAR PARA LIGAR: SIM.
LIGAR DAQUI A: 2.532 HORAS.
CONFIRMA? SIM.
AGUARDE, OS SISTEMAS ESTÃO SENDO DESLIGADOS."






Ficha Técnica
Título: O Androide 
Autor:
ISBN: 9788542808124
Páginas:256
Edição:1
Ano: 2016


Um comentário

  1. Oi, Thaís.
    Adorei a resenha e percebi que ficou bem empolgada com o livro!
    Se eu tiver um tempinho, quero dar uma chance a ele!
    beijos
    Camis - Leitora Compulsiva

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