15/10/2015
[Divulgação] Lançamento de Novembro/2015 da Editora Tordesilhas
Melancolia
Jon Fosse
LANÇAMENTO
EM NOVEMBRO

Em uma prosa hipnótica, magnética, o
dramaturgo e escritor norueguês Jon Fosse descreve em Melancolia um dia de
crise e a sua repercussão anos mais tarde na vida do próprio Hertervig – e mais
de um século depois na vida de um escritor inspirado pela obra do artista, que
existiu de fato.
Retrato extraordinário da mente
perturbada de um artista, o livro revela uma consciência assustadoramente
frágil, mas capaz de apreender com grande sensibilidade a beleza e a luz que há
no mundo.
“Melancolia
explora regiões sombrias e perigosas, nas quais o talento e a inspiração se
atraem e se repelem até as raias da loucura.” – Le Monde
“Fosse faz
incisões cirúrgicas para recortar os acontecimentos mais prosaicos e mundanos,
retirando deles fragmentos de vida, colocando-os sob o microscópio e
examinando-os minuciosamente [...] Às vezes tão desolador e sombrio que teria
assustado até a Kafka.” – Aftenposten
“Sua obra é ao
mesmo tempo simples e profunda. Fosse tem uma inquietação, coloca tensão na
narrativa e escreve sobre situações com as quais todos são capazes de se
envolver, não importa de que parte do mundo sejam.” – Bergens Tidende
MAIS SOBRE A OBRA - Em Melancolia, o poeta, romancista e
dramaturgo norueguês Jon Fosse ficcionaliza a vida do pintor de paisagens Lars
Hertervig, que nasceu em Hattarvågen, na costa oeste da Noruega, em 1830, em uma
família de agricultores quaker
paupérrima. Nessa época, a vida não era fácil para os quakers, cujas crenças religiosas conflitavam com o luteranismo
oficial. Não à toa, a intolerância religiosa é um dos temas que perpassam o
livro.
A despeito da
pobreza, porém, Hertervig teve uma chance quando a família se mudou para a
cidade e ele se tornou aprendiz de pintor. Graças ao ofício, ele descobriu uma
paixão e começou a pintar tudo o que lhe caía nas mãos. Seu talento chamou a
atenção de alguns comerciantes locais, que trataram de mandá-lo estudar arte na
capital e depois em Düsseldorf, na Alemanha. Foi ali, em Düsseldorf, que Lars
Hertervig teve um colapso mental – e é nesse ponto que ele surge em Melancolia.
A obra se divide
em duas partes: Melancolia I e Melancolia II. O livro começa com um dia na vida
do jovem estudante de arte. Ele está prestes a encontrar seu professor, Hans
Gude, que irá finalmente avaliar sua pintura. O leitor o descobre na cama,
deitado em seu fino terno de veludo roxo, atormentado pelo medo e pela dúvida. O
que o professor iria lhe dizer? Que era um mau pintor? Que era um bom pintor?
Hoje Hans Gude observará meu quadro. Mas não me arriscarei a ouvir o que
Hans Gude dirá, porque se Hans Gude, que realmente sabe pintar, disser que não
sei pintar, então eu realmente não sei pintar. Então vou ter que voltar para
casa e ser pintor assistente e nada além disso. E eu, que quero tanto pintar os
mais belos quadros, e ninguém sabe pintar como eu. Porque eu sei pintar.
À dúvida quanto ao
próprio talento junta-se o enigma do amor de Helene, filha adolescente da viúva
em cuja casa Hertervig aluga um quarto. Ela o ama. Ou será que não? Quem sabe
Helene fugirá com ele. Mas talvez ela ame o tio. O mesmo tio que expulsa de
casa o artista. Ainda deitado na cama, Hertervig pensa. Ou delira.
Minha querida Helene. Estou deitado na cama em meu quarto e em algum
lugar deste apartamento Helene anda de um lado para outro com seus belos olhos
radiantes. Estou deitado na cama, e fico escutando, será que consigo ouvir seus
passos? Ou será que Helene não está no apartamento? E seu tio, seu maldito tio,
Helene. Você está me ouvindo, Helene?
Uma hora Hertervig
acaba por se levantar e sair de casa. Em meio ao tumulto de pensamentos, dirige-se
ao Malkasten, bar frequentado pelos artistas noruegueses que moram na cidade.
Os colegas zombam de sua confusão e dizem-lhe que Helene está ali. Ele a vê em
meio a tecidos brancos e pretos. De volta à casa, Hertervig tem de enfrentar o
tio de Helene, o sr. Winckelmann, que o expulsa definitivamente.
[...] não ouço mais o que dizem o policial e o
sr. Winckelmann e vou descendo a escada e tenho que simplesmente ir para algum
lugar, não sei bem para onde devo ir, mas tenho mesmo que ir para algum lugar,
entre minhas duas malas eu vou andando e agora preciso achar de novo minha
querida Helene e então preciso simplesmente ir a algum lugar, pois todos têm
que estar em algum lugar e também eu tenho que estar em algum lugar [...].
No segundo capítulo,
que se passa três anos depois, em um único dia, na véspera de Natal, Lars
Hertervig está internado no manicômio de Gaustad. Mantém a fixação por Helene e
o pensamento delirante, e está proibido de pintar. A obsessão sexual – esboçada
no primeiro capítulo no que ele imaginava ser a relação entre tio e sobrinha –
intensifica-se.
No terceiro
capítulo a história dá um salto até 1991. Entra em cena o escritor Vidme, que,
diante de uma pintura de Lars Hertervig, uma década antes, teve “a mais
grandiosa sensação de sua vida”.
E se lhe pedirem que descreva como foi, ele só poderá dizer que se
arrepiou, ficou com os olhos marejados de lágrimas e então ouviu passos, ouviu
pessoas chegando, que talvez até quisessem observar o quadro diante do qual
Vidme agora se achava com lágrimas nos olhos, e aí ele não pôde mais ficar
parado com lágrimas nos olhos e observar o céu azul que Lars Hertervig havia
pintado e agora se encontrava pendurado numa parede da Galeria Nacional, em
Oslo.
Agora Vidme quer
escrever sobre Hertervig. Porém, assim como Hertervig, Vidme parece
emocionalmente instável. E assim como Hertervig já não conseguia mais pintar,
Vidme parece não conseguir escrever. Jon Fosse faz, dessa maneira, uma reflexão
sobre a mente do artista e a dificuldade de criar.
E aí escrever, agora ele resolveu que vai escrever, e hoje já se sentou
uma vez, para começar, mas em vez disso saiu [...] e que
agora Deus lhe seja misericordioso, Deus seja misericordioso, para que ele
consiga escrever. Agora ele precisa conseguir escrever. Aí está o escritor
Vidme, sentado, pensando. Que agora Deus lhe seja misericordioso, para que ele
consiga escrever.
Melancolia
II – publicado um ano depois de Melancolia I – é uma coda literária na qual Jon
Fosse oferece uma perspectiva diferente da saga de Lars Hertervig pelos olhos
de sua irmã mais velha. Estamos agora em um dia de 1902, poucos meses depois da
morte do artista. Oline é uma senhora já no final da vida, cheia de dores e com
dificuldade de controlar o próprio corpo. Enquanto sobe a colina com os dois
peixes que conseguiu para o jantar, ela recorda a infância, o pai dominador e o
irmão “diferente”. Como em todo o restante do livro, quase toda a ação se passa
na cabeça da personagem, em um fluxo de consciência ininterrupto, melancólico e
pungente, que ganha vida pela linguagem repetitiva e hipnótica.
Melancolia é o retrato extraordinário de mentes
assustadoramente frágeis, mas capazes de apreender com grande sensibilidade o
que a vida tem de mais belo e luminoso.
SOBRE O AUTOR - Jon Fosse nasceu em 1959, em Haugesund, Noruega. Poeta, romancista e dramaturgo premiado, muitas vezes chamado de “o novo Ibsen”, escreveu mais de duas dezenas de peças e de romances. Sua obra já foi traduzida em mais de 40 países. Em 2011 Fosse ganhou do rei da Noruega o direito de viver permanentemente na Grotten,residência localizada no complexo do palácio real, em Oslo. Essa honraria é concedida a quem faz contribuições expressivas à arte e à cultura do país.
Título: Melancolia
Autor: Jon Fosse
Título original: Melancholia I-II
Tradução: Marcelo Rondinelli
Capa: Andrea Vilela de Almeida
Gênero: literatura norueguesa
Palavras-chave: literatura norueguesa, arte, artista, Lars Hertervig, loucura
Carol!
ResponderExcluirTodos os livros que tem um lado psicológico envolvido, me interessam.
Gosto demais de aprender sobre a mente humana.
Sem contar que essa capa está lindíssima!
“Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.”(Érico Veríssimo)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Não me interessei pelo livro, já que não gosto muito de livros com dramas, e esse parece que tem bastante.
ResponderExcluireu estou passando longe de Dramas ultimamente, mas por outro lado ele me atraiu por tratar de arte e da mente humana. procurar mais coisas sobre o livro antes de me decidir
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