Escritoras que ficaram famosas com nomes masculinos - Viaje na Leitura

02/11/2022

Escritoras que ficaram famosas com nomes masculinos


Elas precisaram fazer ouvir sua voz, em épocas em que apenas o masculino era levado a sério, em que ninguém leria nada escrito por uma mulher, períodos de machismo, sexismo, em que as mulheres deveriam ser desprovidas de interesses intelectuais, em que as mulheres não tinham voz, elas usaram pseudônimos masculinos para chegar aonde chegaram, conheça algumas escritoras que fizeram sucesso:

1. J K Rowling - Joanne Rowling

Embora escreva, geralmente, sob o nome de J. K. Rowling, seu nome verdadeiro é Joanne Rowling. Antes da publicação do primeiro romance, a editora Bloomsbury temia que garotos não se interessassem por um livro escrito por uma mulher, então seus editores pediram que ela utilizasse duas iniciais e seu sobrenome. Como não tinha nome do meio, escolheu a letra K como a segunda inicial de sua pseudônimo, em homenagem a sua avó paterna Kathleen. Rowling gosta de ser chamada de Jo. Também usou o pseudônimo de Robert Galbraith: O Chamado do Cuco (2013), um dentre outros na série Cormoran Strike, de ficção policial.




2. Amandine Dupin - George Sand


Romancista, articulista e memorialista, Amandine Aurore Dupin escreveu mais de 80 livros, entre eles Lélia (1833), Indiana (1832) e a autobiografia História da minha vida (1856), publicada no Brasil pela editora Unesp. Em quase todos eles, a autora assinou como George Sand, um nome que chegou a ser colocado, por Fiódor Dostoiévski, no “primeiro lugar nas fileiras dos escritores novos”. Precursora do feminismo na França, Dupin esteve presente nas principais rodas culturais de sua época, e era amiga de Franz Liszt, Honoré de Balzac, Eugène Delacroix, Pierre Lerroux e Victor Hugo. Hoje, finalmente reconhecida, é considerada uma das maiores autoras francesas do século 19.



George Eliot aos 30 anos, pelo artista suíço Alexandre Louis François d'Albert Durade (1804-86)

3. Mary Ann Evans — George Eliot

George Eliot, pseudônimo de Mary Ann Evans (Nuneaton, 22 de novembro de 1819 – Londres, 22 de dezembro de 1880), foi uma romancista autodidata britânica.

Usava um nom de plume masculino para que seus trabalhos fossem levados a sério. À época, outras autoras publicavam trabalhos sob seus verdadeiros nomes, porém, Eliot queria escapar de estereótipos que ditavam que mulheres só escreviam romances leves. Outro fator que pode ter levado Eliot a usar um pseudônimo masculino era o desejo de preservar sua vida íntima, sobretudo seu relacionamento com George Henry Lewes, um homem casado, com quem viveu por mais de vinte anos.



Imagem: The Telegraph

4. Nelle Harper Lee — Harper Lee

O caso de Nelle Harper Lee é muito comum entre mulheres que utilizam outros pseudônimos: tirar apenas o primeiro nome. Isso porque dá um ar “mais masculino” para as publicações.


Em vida, Lee publicou apenas duas obras. No entanto, uma delas é a aclamada “O sol é para todos”. O livro conta a emocionante história ambientada no Sul dos Estados Unidos da década de 1930, região envenenada pela violência do preconceito racial.


Durante muitos anos os americanos pensaram que a autoria era masculina. O sol é para todos ganhou o Prêmio Pulitzer em 1961 e deu origem a um filme homônimo, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado, em 1962.



Reprodução
5. As irmãs Brontë – os irmãos Bell

Consideradas as três das maiores escritoras inglesas, as irmãs Charlotte (1816 – 1855), Emily (1818 – 1848) e Anne Brontë (1820 – 1849) começaram a carreira literária usando nomes falsos – Currer, Ellis e Acton Bell, respectivamente – e assim publicaram, em 1847, seus romances Jane Eyre, Morro dos Ventos Uivantes e Agnes Gray. A própria Charlotte afirmou, em uma carta, que as irmãs não gostavam de revelar que eram mulheres “porque, como nossa forma de escrever e pensar não era o que se chama de ‘feminino’, tínhamos a impressão de que seríamos vistas com preconceito enquanto autoras”.



6. Karen Blixen — Isak Dinesen

Blixen é conhecida pelo romance “A fazenda africana”. Em vida, utilizou vários pseudônimos, como Pierre Andrézel. Mas o mais famoso foi Isak Dinesen.

Blixen foi indicada ao Prêmio Nobel duas vezes em vida.




7. Nair de Tefé (1886 – 1981) – Rian

A brasileira Nair de Tefé era pintora, pianista, cantora, atriz e caricaturista. É lembrada, além de sua veia artística, por ter sido uma das primeiras mulheres a usar calças compridas no Brasil – além de ter sido primeira-dama do país entre 1913 e 1914. No Palácio do Catete, organizava saraus em que introduzia a música popular de Chiquinha Gonzaga, Catulo da Paixão Cearense e outros compositores. Mesmo sendo uma mulher à frente do seu tempo, Nair utilizava um nome interessante para publicar suas caricaturas nos jornais da época: Rian – que, além de ser “Nair” de trás pra frente, também tem som semelhante à palavra francesa para “nada”, rien.


8. Alice Bradley Sheldon — James Tiptree Jr

Alice é tida como um ícone da ficção científica americana. Sua obra ajudou muito para quebrar paradigmas de gênero, principalmente aqueles que ditam o que é literatura masculina ou feminina (e sabemos que não existe distinção).


Pelos temas dos seus livros, muitos pensavam que James Tiptree Jr. poderia ser uma mulher, mas nada foi confirmado até 1976, quando Sheldon decidiu para de utilizar o pseudônimo e revelar a verdade. Em uma entrevista, revelou:


“Um nome masculino parecia uma boa maneira de me camuflar, senti que um homem passaria despercebido. Eu tive muitas experiências em minha vida por ser a primeira mulher em uma determinada ocupação”.


Um fato curioso é que a obra de Sheldon foi tão impactante que um prêmio foi criado em sua homenagem, no entanto, utiliza o nome masculino. O prêmio se chama “James Tiptree, Jr. Literary Award”.





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