Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos - Viaje na Leitura

08/03/2012

Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos

"Alguém devia inventar um livro que dissesse o que está acontecendo neste momento, enquanto você lê. Deve ser mais difícil  de escrever que os livros futuristas que adivinham o futuro. Por isso não existe. E aí a gente tem que investigar na realidade."

Livro: Festa no Covil
Autor: Juan Pablo Villalobos
Editora: Companhia das Letras
Categoria: Literatura Internacional
ISBN: 9788535920260
Páginas: 96
Lançamento: 02/02/2012
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


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Sinopse:
O romance de estreia de Juan Pablo Villalobos é surpreendente em muitos sentidos. Breve e incisivo ao revelar a face mais violenta da realidade (não apenas)mexicana sob uma ótica insólita, entra no cânone da narcoliteratura sem ceder aos tiques próprios do subgênero. Em 'Festa no Covil', a vida íntima de um poderoso chefe do narcotráfico , Yolcault, ou "El Rey" é narrada pelo filho. Garoto de idade indefinida, curioso e inteligente, o pequeno herói, que vive trancado num "palácio" sem saber a verdade sobre o pai, reconta sem filtros morais o que presencia ou conhece pela boca dos empregados ou pela tevê. Seu passatempo é investigar secretamente os mistérios que entrevê, colecionar chapéus e palavras difíceis e pesquisar sobre samurais, reis da França e animais em extinção, sempre com o auxílio de seu preceptor, um escritor fracassado egresso da esquerda.

"Algumas das palavras difíceis que eu sei são: sórdido, nefasto, pulcro, patético e fulminante. Na verdade não são muitas as pessoas que dizem que sou precoce. O problema é que não conheço muita gente." (pág. 9)
Tochtli é um menino inteligente, vivaz e precoce para a sua idade (não identificada durante toda a leitura). Festa no Covil é narrado totalmente por esse garoto, e é através de sua instigante curiosidade é que iremos descobrindo "pessoas nefastas", coisas pouco "pulcras", situações "sórdidas" e pessoas "patéticas".


Utilizando de sua genialidade esse garoto é um brilho na escuridão, uma pequena raridade em meio à podridão. Esse menino, vive com Yolcaut (seu pai), Miztli e Mazatzin (seu professor). Basicamente o garoto vive no tráfico e mora em uma mansão no México, segundo seu pai, para a proteção deles.

"Teoricamente o nome disso é estar doente do psicossomo, que quer dizer que a doença é da mente. Mas eu não estou doente da mente, nunca tive dor no cérebro."
O livro é um paradigma. Durante toda a leitura (curtíssima) nos perguntamos, aonde acontece, com quem e se existem garotos prodígios como Tochtli no nosso país. É uma leitura totalmente cativante. O livro nos faz rir de coisas "sórdidas" como diria Tochtli e nos faz pensar se tudo isso não é "patético". Quem poderia imaginar que um simples livro de ficção poderia trazer inúmeras lições de vida e conhecimentos valiosos?

"Acho que neste momento minha vida é um pouquinho sórdida. Ou patética."

Além de inteligente este menino é excêntrico. Gosta de usar chapéus para se distinguir dos demais (os reis usam coroas e se você não é rei, pode usar um chapéu para distinção) como se ele saísse da mansão. O pai satisfaz todas as suas vontades e ele faz sua lista diária de aquisições, mas ainda continua um menino solitário em meio ao narcotráfico mexicano. Apesar de possuírem um pequeno zoológico, seu mais recente desejo é possuir um hipopótamo anão da Libéria. Será que no final ele vai conseguir?

Fiquei o tempo todo, enquanto lia o livro, como poderia classificá-la e se no fim de tudo seria possível. Não é. O livro é absurdamente um enigma, além de povoar nossa mente com tanto conhecimento, narra sem culpa, a vida de um garoto que tem sua vida diferente dos demais, e como é viver solitário, sem amigos e em meio à tanta mentira. Mas será mesmo que o garoto vive solitariamente? Sua leitura diária é um tanto curiosa: o dicionário. Isso explica as palavras difíceis que nosso pequeno narrador gosta de usar.

Festa no Covil é uma leitura obrigatória. É o segundo livro que li (o primeiro foi Quarto) onde o narrador é uma criança. E é sem dúvida alguma, um dos meus recentes favoritos.

"Realmente os cultos sabem muitas coisas dos livros, mas não sabem nada da vida. Esse não foi um erro do escritor. Foi um erro da humanidade¨ (pág.30)



 

Sobre o autor:
Juan Pablo Villalobos nasceu em Guadalajara, México, e atualmente mora no Brasil. Festa no covil é seu primeiro romance. Editado originalmente na Espanha, já foi traduzido na Alemanha, Reino Unido, Holanda e França, e tem lançamento previsto em mais sete países.






5 comentários

  1. Esse livro parece ser cativante, mas acho que o motivo pode ser simplesmente o fato de ser narrado de forma tão atipica. Gostei muito da resenha, e ela me fez ter muita curiosidade em ler o livro. Vou procurar. abraços.

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  2. Puxa nome complicado esse no protagonista né? Acho que nem consigo pronunciar em voz alta xD e acho que o nome de todos são bem complicadinhos... :S
    E bem quanto ao livro, eu achei ele muito intrigante, pois fiquei curiosa para saber que conhecimentos, e questionamentos são esses. O protagonista parace bastante inteligente também, mas também quem dera ler o dicionario né, só poderia conhecer palavras dificeis mesmo xD
    Adooorei o livro, com certeza vou querer lê-lo quanto tiver oportunidade!
    Beijos :*

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  3. Interessante!

    Narcotráfico mexicano? Se tiver a doçura do personagem de Quarto, tô dentro!

    Bjs

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  4. Thais, que delícia de livros *-* Eu me apaixonei pela leitura de Quarto e também de Noah Foge de Casa (onde o narrador também é uma criança) e outros tantos - acho o máximo quando uma pequena criança começa a narrar sua própria história! E nós, os leitores, sempre ficamos confusos se parte daquilo que a criança está contando não é simplesmente fantasia =D
    Parece ser uma leitura muito boa!

    Beijos, Nanie - Nanie's World

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  5. Eu fiquei muito curiosa sobre esse livro. Vi no twitter da editora a foto da capa e depois procurei para saber do que se tratava e então li a sinopse. AMEI! Eu adorei a resenha porque agora sei um pouco mais do livro e o que esperar dele. Me deixou bem mais com vontade de ler!

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