30/05/2014
[Resenha] O que faço com esses Versos de Amor? - Edmir Carvalho Bezerra
Sinopse“A poesia de Edmir não é tricotada com fios da mesmice, insossa. É concreta sem perder a calentura. Sua poética perpassa quase todas as substâncias do encantamento verbal, de maneira tocante, cortante, original... É ler para crer.” - Benny Franklin Terceiro livro de Edmir, a obra reúne poemas e textos poéticos curtos, como é o caso da pequena carta-poema “O que faço com esta carta de amor?”. Com uma poesia caminheira ao encontro da prosa com leveza e imagens que vão à deriva, mostrando de forma tocante que do poema à poesia há uma solidão que não se explica, são imagens vistas por quem conduz faro nos olhos. Os textos de “O que faço com esses Versos de Amor?” têm o destino de sonhar, de encantar, de ter mil almas que choram ou riem. Edmir é um silencioso alado que corre e voa em direção ao desconhecido, ao que se deve adivinhar, às imagens eternas escondidas na ferrugem do tempo, no lixo das horas, atrás de nuvens, pedras, sóis, luas, olhos, risos e pesares, eternizando silêncios em metáforas em prosa ou verso. Suave e rude, pleno de doçura nas lembranças do menino dentro de sua pequena linda cidade, tendo consciência de que os poetas nada mais são que sujeitos dispostos a reaprender a ser criança, inventa vocábulos e dizeres que definem muito mais que a tradição o que passa pela alça de mira da sua poesia de reaprender a olhar para as coisas. É o franco atirador de pequenas coisas que se tornam grandes nas suas explosões de ternuras e rugidos à solidão a que se destina o homem. "O que faço com esses Versos de Amor?" é um livro que promete dizer ao leitor, e somente a ele: "Sim, esses versos são para você, devore-os!”. O livro, publicado pela Smile Editorial, apresenta na capa a fotografia de uma bela escultura em lápis de cor do artista colombiano Federico Uribe e orelha do poeta e compositor Renato Gusmão. Na contracapa, o texto do poeta Benny Franklin funciona como flecha certeira na alma do leitor que espera mais do que a palavra, o olhar, o caminho de não chegar jamais ao procurado.
Minha opinião - "O que faço com esses Versos de Amor" é uma coletânea com quase 60 poesias e textos poéticos, divididos em três partes: 1 - Esses Versos de Amor; 2- Águas e anoitecimentos (com uma linda cidade dentro) e 3 - A poesia que me atrai.
Com um tom bem intimista e pessoal, o escritor Edmir Carvalho Bezerra convida o leitor a desfrutar de uma leitura que desperta sentimentos de saudade, amores não correspondidos e amores sofridos. Na primeira parte do livro temos a perfeita mescla dos temas citados anteriormente desde o início, com "Esses versos de amor":
"Sonhei tão puro e bom.
Deu pra ver que a saudade ainda dói.
Um gole de sol, uma porção de mar,
Um pedaço de rua, metade do ar,
O frio da noite velando dentro de mim.
Deu pra ver que dói sonhar com você.
E mais não sei acordar sem doer.
É como se a natureza morresse,
frágil, frágil o desamor doendo,
solidão que insiste em acender" ("Esses versos de amor") .
A saudade, que é um tema recorrente em alguns textos demonstra que o ser humano compartilha mesmo que de maneira diferente suas angústias e dores, como a perda de um ente querido, uma época que não retorna mais, um amor que se apaga aos poucos. Mas também existem textos que despertam o saudosismo de maneira alegre, que evoca aquelas lembranças que colocam sorrisos nos rostos dos leitores.
Com uma prosa marcante e uma linguagem poética brilhante o livro "O que faço com esses Versos de Amor" são textos que acalentam o coração e alma do leitor.
Um livro com uma escrita delicada que permite realizarmos uma reflexão ao mesmo tempo em que nos emocionamos.
"Quanto mais eu leio, mais aprendo a fazer silêncio, mais
entendo sobre tolerância, mais eu gosto de riscar com o dedo
as coisas quase invisíveis.
Quanto mais eu leio, mais bonito o mundo fica, mais as
imperfeições me observam, me ensinam.
Quanto mais eu leio, mais meus olhos veem, mais os
mundos pousam nas minhas mãos."
Edmir Carvalho Bezerra nasceu em Monte Alegre-Pará, mora na capital paraense, Belém. Além de “O que faço com esses Versos de Amor?”, é autor de Dizerudito - Poemas e de Breves Cartas de Amor.
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Thaís, o poema é bonito, gostei bastante: "Quanto mais eu leio, mais aprendo a fazer silêncio..." Uma poesia concreta.
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