[Viaje na Entrevista] - Leila Krüger - Viaje na Leitura

26/07/2014

[Viaje na Entrevista] - Leila Krüger

 


Olá viajantes!
Vocês já conhecem o livro "Reencontro"? A Carol já postou resenha dele (aqui) e a Andressa também (aqui), além de Reencontro, ela escreveu outro livro e tem mais um a caminho...

Vamos conhecê-la?

1. Quando foi que você decidiu dedicar-se à escrita?

Em primeiro lugar, quero agradecer a oportunidade desta entrevista, por um portal tão conceituado. Bom, na verdade eu nunca decidi ser escritora, não houve um momento “eu vou ser escritora!”. O que havia era uma história na minha cabeça por anos, a história de Ana Luiza, a história do livro Reencontro. Embora com 13 anos eu tenha escrito meu primeiro livro, sem intenção de publicar, que ficou perdido em uma gaveta para sempre. Era um romance histórico, na época do Getulismo que eu aprendia na escola. Minha carreira de escritora começou no fim de 2011 com o lançamento do romance Reencontro, e depois lancei mais um livro de poemas, A Queda da Bastilha, fora antologias, e em agosto vem meu primeiro de crônicas, CORAÇÃO EM CHAMAS, dez histórias conturbadas de amor, polêmicas, para nos fazerem refletir sobre o coração humano e a loucura do amor. 


2. Como surgiu Reencontro?

 A história é baseada em alguém ou algum fato conhecido? Foi uma história “ruminada” por anos, comecei várias vezes a escrever e parei. Nunca era a “hora certa”. Até que um dia foi. Reencontro tem várias coisas de mim, da minha vida, mas não é uma autobiografia. É uma reunião de coisas sentidas, vividas, vistas e imaginadas. Uma história que eu espero que inspire cada pessoa que a ler. Não é uma história de amor entre duas pessoas perfeitas, é uma história de amor entre duas imperfeições que aprendem a se amar perfeitamente. E também o livro fala sobre amizade, família, perdas, dependência química, religião, fé, sonhos, temas cruciais da vida. Eu quis ir até o fundo da vida em Reencontro, e assim, crua e no entanto bela, apresentá-la ao leitor. 

3. Os personagens de Reencontro são extremamente emocionais. Como foi o processo de criação deles?

 Foi algo muito natural, sempre. É engraçado, mas os personagens geralmente aparecem quase prontos na minha cabeça, ou no meu coração. Claro que foi um processo, mas sempre espontâneo, visceral, algo de alma. Eu quis expor, com a minha alma, as almas dos personagens, pois acredito que é na alma de cada um de nós que reside nossa história e o que realmente somos. Me inspiraram músicas, filmes, livros... Tanto que o livro Reencontro tem uma verdadeira trilha sonora e literária, cito no decorrer da história muitas músicas, cantores, escritores, poemas... Tudo me inspira, tudo pode inspirar o artista quando ele está sensível a absorver o mundo em que vive, o interior e o exterior.

 4. Existe algum personagem em Reencontro que pode ser considerado o seu queridinho? 

Ah, eu sei que as pessoas geralmente amam o Rafa, e ele é um amor mesmo, inclusive eu quis mostrar um “herói” imperfeito, que quis desistir, que já se perdeu no passado, já que de heróis perfeitos estamos fartos na ficção e escassos na vida real. Mas minha personagem preferida é a Ana Luiza, porque ela une bem e mal, o que é realmente a essência de um ser humano, e ela mostra que é possível mudar, começar de novo, ela tem uma história linda de superação. Ela pode ser mal-humorada, irônica, até cruel às vezes, dissimulada, mas o livro mostra que às vezes são apenas muros que foram construídos ao redor do nosso coração, e que podem ser derrubados. Essa lição é importante no livro: você pode se reencontrar com você mesmo e com o amor. Às vezes você passa por tantas coisas ruins exatamente para que possa reencontrar o que, talvez, tenha perdido na infância ou em alguma curva de uma estrada inóspita da vida. Eu gosto bastante também da Nana, mas ela tem uma característica que se vê muito por aí: é extrovertida, divertida, desencanada, porém não consegue se abrir para si mesma e para os outros sobre seus sentimentos e sofrimentos mais íntimos. Isso pode matar aos poucos. As coisas nem sempre são o que aparentam. Mas a Nana é uma pessoa que ilumina a vida, como tantas por aí, e uma amiga nota dez, como poucas na nossa vida. 

5. “A Queda da Bastilha” é um livro de poemas. Como você encara a receptividade dos leitores?

 Só tive críticas positivas, tanto de leitores como de críticos literários. Nunca havia pensado em publicar um livro de poemas, sob a sugestão do amigo e escritor Majela Colares reuni alguns escritos – que, imagine, eram poemas! – e criei mais alguns, sob demanda, mas com naturalidade, é claro, e eis A Queda da Bastilha. O título é metafórico. O livro é quase como um diário, uma autobiografia, representa a travessia de uma fase na minha vida. Nada de palavras rebuscadas e termos vagos, é uma exposição de alma com elementos do cotidiano. Algo simples. Porque natural. Eu só imagino que se possa escrever algo interessante e marcante se for natural, de dentro pra fora. Uma pérola que sai da ostra do escritor. Bom, sei que não é costume se ler muita poesia no Brasil em forma de livros, mas acredito que é um campo a ser explorado o da poesia, no Brasil especialmente. A poesia tem uma má fama às vezes, de ser muito imprecisa e complicada, ou surreal, mas não é bem assim. Acho que a poesia é a literatura que vem da parte mais profunda da alma. E é bom conhecer esses recônditos humanos, não?

 6. Qual foi a sua inspiração ao escrever “A Queda da Bastilha”? 

Meu coração e da minha alma, apenas isso. Acho que eu não sei escrever nada que não venha do meu coração e da minha alma. Minha poesia é contemporânea, cotidiana, simples, diz o que sente vontade de dizer sem muitos formalismos nem métricas, é uma poesia cujo único objetivo é expressar a vida e os pensamentos. 

7. Quais são seus livros favoritos? E por quê?

 Nossa, muitos... Mas alguns dos livros que mais me marcaram: A Cabana, que nos ensina a perdoar, enfrentando olho no olho o monstro do passado e da mágoa; As Sandálias do Pescador; Ana Terra e a coleção O Tempo e o Vento – que são citados no livro Reencontro; O Retrato de Dorian Gray; A Grande Peça, do meu amigo Tadeu Rodrigues; Dom Casmurro; Ciranda de Pedra. Etc. etc. e etc. Tenho tanta coisa pra ler e só uma vida, que lástima! 

8. Você teria algum conselho para aqueles que têm interesse em ingressar no mercado literário? 

Olha, no Brasil a coisa complica um pouco pro autor nacional, com a concorrência exterior, o que não necessariamente é negativo, mas faz com que seja mais difícil um autor nacional se destacar, e a falta de apoio de editoras e do governo. Eu diria para, em primeiro lugar, buscar um estilo e uma linha literária próprios, inspirar-se sim, copiar, não. Você precisa ser singular em tudo o que faz. É bom sempre divulgar na Internet, em eventos etc. Ter um agente literário, quem puder, é ótimo. E persistir, persistir, persistir. Também é bom ler sempre, estar atualizado com o mercado literário, e principalmente gostar muito de escrever.

 9. O que você acha do mercado para os autores nacionais?

 É o que eu falei acima, não muito animador, mas crescente, creio que cada vez mais o autor nacional vá ser valorizado. Temos muita dificuldade de projetar o autor nacional no gênero romance, é notável. No entanto, temos cronistas brasileiros best-sellers, assim como autores de livros de autoajuda. Temos até romancistas best-sellers, no entanto. Vejo um novo amanhecer para o mercado nacional, com maior mobilização dos autores. Eventos estão sendo criados, mas as editoras e o governo deveriam apoiar mais. Temos bons escritores aqui, e temos fora também, eles podem conviver no coração dos leitores.

 10. Você tem algum projeto em andamento? Poderia falar um pouquinho sobre ele? 

Ah, claro! Sempre tenho. Ando escrevendo um novo romance, dessa vez histórico. Fim de agosto devo lançar meu primeiro livro de crônicas, CORAÇÃO EM CHAMAS, dez histórias conturbadas e polêmicas de amor: um padre, uma garota de programa, um homossexual, um poeta, uma atriz famosa e até um amigo do grande poeta Álvares de Azevedo, do século XIX. Vai ter em e-book também. É um livro que mostra as diferentes faces e loucuras do amor em diferentes pessoas com diferentes vidas. Esse ser estranho e indispensável à alma, o amor! Uma frase marcante do livro é:
 “Todos os que amam deviam ser perdoados”.
 Ah, esse amor que nos condena e nos liberta ao mesmo tempo! Tão contrário a si é mesmo o amor, como diz naquela música da Legião Urbana. É só o amor que nos mostra o que é verdade.



Nós do Viaje na Leitura, ficamos honrados com a sua presença por aqui! Obrigada!

Se você quiser saber mais sobre o livro, acesse as redes da autora:




Até mais!

2 comentários

  1. Parabéns pela entrevista.
    Já tinha lido sobre o livro antes e me interessei bastante.
    Beijos.

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  2. Eu conhecia bem o livr, pois já li várias resenhas dele...
    mas a autora, acho que é a primeira entrevista que leio, e achei ela bem simpática.
    Queria ler o livro dela, quando tiver um tempinho.

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