[Resenha] A garota perfeita - Mary Kubica - Viaje na Leitura

14/06/2016

[Resenha] A garota perfeita - Mary Kubica


Sinopse - Mia, uma professora de arte de 25 anos, é filha do proeminente juiz James Dennett de Chicago. Quando ela resolve passar a noite com o desconhecido Colin Thatcher, após levar mais um bolo do seu namorado, uma sucessão de fatos transformam completamente sua vida. Colin, o homem que conhece num bar, a sequestra e a confina numa isolada cabana, em meio a uma gelada fazenda em Minnesota. Mas, curiosamente, não manda nenhum pedido de resgate à família da garota. O obstinado detetive Gabe Hoffman é convocado para tocar as investigações sobre o paradeiro de Mia. Encontrá-la vira a sua obsessão e ele não mede esforços para isso. Quando a encontra, porém, a professora esté em choque e não consegue se lembrar de nada, nem como foi parar no seu gélido cativeiro, nem porque foi sequestrada ou mesmo quem foi o mandante. Conseguirá ela recobrar a memória e denunciar o verdadeiro vilão desta história?


"A garota perfeita" é um thriller psicológico intenso, onde o leitor tem como função principal descobrir a verdade através das narrativas dos personagens. O livro inteiro é narrado em primeira pessoa por três personagens: Eve, a mãe de Mia, Gabe Hoffman o detetive encarregado do caso e Colin Thatcher, o sequestrador.  Além disso, os capítulos são divididos em "antes" e "depois" do sequestro, mas não seguem uma ordem cronológica e vão sendo desenvolvidos conforme as descobertas revelam-se.
Mia é uma mulher de 25 anos que teve uma vida familiar complicada. Apesar de ser proveniente de uma família financeiramente abastada, a indiferença do pai e a submissão da mãe em realizar as vontades do juiz fazem com que a moça mude-se de casa aos 18 anos para seguir seu próprio caminho.
Eve Dennett é uma britânica que no final dos anos 60 foi para os EUA e se apaixonou. Ao conhecer James encontrou o parceiro que sempre quis, e tornou-se a esposa modelo que James exigiu. Conforme os anos se passaram, a maior preocupação de James é a sua carreira e a imagem. Dessa forma, toda a família tem que ser impecável e se comportar da maneira que ele acredita ser a correta. Isso significa que as duas filhas, Grace e Mia, devem se formar em Direito, trabalhar em um escritório importante e portarem-se com uma boneca. Mas Mia desde jovem traçou o seu próprio caminho, desde os momentos de rebelião de sua juventude, onde bebeu em público, aprontou com os amigos e fumou maconha até a decisão de estudar Artes. Mesmo durante o sequestro da filha, que dura meses, é possível observar através de Eve que James não se importa com Mia e sim com a repercussão da situação em sua carreira. Eve por sua vez começa a reavaliar o seu papel de mãe e o que poderia ter feito para dar mais apoio à Mia. Ela vai percebendo o quanto sua vida é sem perspectiva, morando em uma casa enorme que normalmente está vazia.
"Minha intuição, no entanto, fala que alguma coisa aconteceu com minha filha. Alguma coisa ruim. Ela grita comigo, acorda-me no meio da noite: algo aconteceu com Mia." (p. 113)
O Detetive Gabe Hoffman é um homem com quase cinquenta anos que desde o início não gosta da arrogância do Juiz, que tenta impor-se e manter o sumiço da própria filha por baixo dos panos. Ele é um homem sagaz e observador; percebe o quanto Eve está sofrendo e uma grande afeição desenvolve-se entre os dois. Também percebe o quanto a vida dos Dennett giram em torno da imagem que projetam e como a família não é nada mais do que um grupo de estranhos vivendo embaixo do mesmo teto.
"E se...? E se ela não estiver bem? E se estiver bem e nunca a encontrarmos? E se estiver morta e nunca descobrirmos? E se estiver morta e ficarmos sabendo quando o detetive nos pedir para identificarmos seus restos mortais?" (p. 31/32)
Colin é um personagem complexo que tem seus motivos para sequestrar Mia. Apesar de ser o vilão da trama, tem um senso de moral e honra e tenta a todo momento honrá-lo. É interessante a complexidade que o papel de Colin tem no livro, pois a dinâmica do "relacionamento" dele com a Mia muda a cada capítulo: em um momento ele é um captor terrível, no outro uma pessoal sensível e preocupada com o bem-estar da Mia e logo a seguir, preocupa-se exclusivamente consigo mesmo.
"Pobre coitada. Eu não me importava nem um pouco com ela." (p. 46)
Um dos destaques que esse livro possui é o fato de que a protagonista em si não tem voz na obra. Apenas no último capítulo teremos a perspectiva de Mia enquanto que em todo o decorrer da trama, temos a visão de terceiros sobre os seus pensamentos e sentimentos. Foi uma jogada brilhante da Mary Kubica, pois são os pequenos detalhes, algumas frases liberadas aqui e ali que revelam a visão geral da história. E é uma visão e tanto!
Os personagens são complexos, prendem a atenção do leitor e são até mesmo carismáticos. O enredo é muito bem desenvolvido e tem momentos de tensão e reviravoltas importantes. 
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho. A capa chama a atenção do leitor.
"Ela é minha filha, mas não é. Ela é Mia, porém não é. Parece-se com ela, mas essa moça usa meias e bebe café, e acorda chorando no meio da noite. Responde mais rápido se a chamo de Chloe do que quando a chamo pelo seu nome. Ela parece vazia e letárgica quando acordada , e permanece insone quando deveria dormir. Deu um pulo de quase um metro de altura da cadeira quando liguei o triturador de lixo na noite anterior e, em seguida, retirou-se para seu quarto. Não a vimos por horas e, quando perguntei onde estivera todo aquele tempo, tudo que conseguiu dizer foi não sei. A Mia que conheço não consegue ficar quieta durante todo esse tempo." (p. 30)


ISBN-13: 9788542206814

ISBN-10: 8542206819
Ano: 2016
Páginas: 336
Idioma: português 
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Avaliação: 4/5

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