O Elefante na Escuridão, um conto sobre as várias faces da verdade - Viaje na Leitura

19/02/2023

O Elefante na Escuridão, um conto sobre as várias faces da verdade



Esse conto, que foi tendo vários títulos ao longo das décadas, traz valiosas reflexões. Num mundo em que as discussões estão se tornando cada vez mais intensas e as pessoas estão tentando defender "suas verdades", é fácil acabar envolvido em debates acalorados, onde cada indivíduo está defendendo um ponto de vista que, muitas vezes, é apenas uma pequena parte da verdade maior.


Cada um de nós vive em nosso próprio mundo, com nossas próprias experiências de vida e percepções sensoriais. É comum que essas experiências e percepções levem a preconceitos e falta de conhecimento do todo, além de uma falta de mente aberta e consideração pelos pontos de vista dos outros.



Há muitos anos vivia na Índia um rei sábio e muito culto. Já havia lido todos os livros de seu reino. Seus conhecimentos eram numerosos como os grãos de areia do Rio Ganges. Muitos súditos e ministros, para agradar o rei, também se aplicaram aos estudos e às leituras dos velhos livros. Mas viviam disputando entre si quem era o mais conhecedor, inteligente e sábio. Cada um se arvorava em ser o dono da verdade e menosprezava os demais. O rei se entristecia com essa rivalidade intelectual. Resolveu, então, dar-lhes uma lição.

Chamou-os todos para que presenciassem uma cena no palácio. Bem no centro da grande sala do trono estavam alguns belos elefantes. O rei ordenou que os soldados deixassem entrar um grupo de cegos de nascença.

Obedecendo às ordens reais, os soldados conduziram os cegos para os elefantes e, guiando-lhes as mãos, mostraram-lhes os animais. 

Um dos cegos agarrou a perna de um elefante; o outro segurou a cauda; outro tocou a barriga; outro, as costas; outro apalpou as orelhas; outro, a presa; outro, a tromba. 

O rei pediu que cada um examinasse bem, com as mãos, a parte que lhe cabia. Em seguida, mandou-os vir à sua presença e perguntou-lhes:

 – Com que se parece um elefante? 

Começou uma discussão acalorada entre os cegos. Aquele que agarrou a perna respondeu: 

– O elefante é como uma coluna roliça e pesada. 

– Errado! – interferiu o cego que segurou a cauda. – O elefante é tal qual uma vassoura de cabo maleável. 

– Absurdo! – gritou aquele que tocou a barriga. – É uma parede curva e tem a pele semelhante a um tambor. 

– Vocês não perceberam nada – desdenhou o cego que tocou as costas. – O elefante parece-se com uma mesa abaulada e muito alta.

 – Nada disso! – resmungou o que tinha apalpado as orelhas. – É como uma bandeira arredondada e muito grossa que não para de tremular. 

– Pois eu não concordo com nenhum de vocês – falou alto o cego que examinara a presa. – Ele é comprido, grosso e pontiagudo, forte e rígido como os chifres.

– Lamento dizer que todos vocês estão errados – disse com prepotência o que tinha segurado a tromba. – O elefante é como a serpente, mas flutua no ar. 

O rei se divertiu com as respostas e, virando-se para seus súditos e ministros, disse-lhes: 

– Viram? Cada um deles disse a sua verdade. E nenhuma delas responde corretamente a minha pergunta. 

Mas se juntarmos todas as respostas poderemos conhecer a grande verdade. Assim são vocês: cada um tem a sua parcela de verdade. Se souberem ouvir e compreender o outro e se observarem o mundo de diferentes ângulos, chegarão ao conhecimento e à sabedoria.

  (Conto do budismo chinês. Extraído de DOMINGUES, Joelza Ester. História em Documento. Imagem e texto. São Paulo: FTD, 2012.)


Fonte: Ensinar História

Fonte: A história dos sete homens sábios e o elefante (história adaptada de Heloisa Prieto e John Godfrey Saxe)


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