Internacional: “Literatura Além das Fronteiras” #1

Olá! Sou a Carol Freire, escritora brasileira, residente nos Estados Unidos e uma apaixonada por livros e literatura. À convite da Thaís Turesso, escreverei mensalmente aqui na coluna “Literatura Além das Fronteiras” sobre o que acontece no cenário literário dos Estados Unidos. E para esse primeiro post, nada melhor do que fazer uma retrospectiva dos principais acontecimentos de 2012 e as perspectivas para 2013.

2012 foi marcado pelo sucesso de “50 Tons de Cinza”. A trilogia de sadomasoquismo que começou como autopublicação, logo chamou a atenção de uma grande editora e acabou por tornar-se o maior best-seller dos últimos tempos. Apelidado de mommy porn (pornô da mamãe), o livro gerou muita polêmica e discussão. Porém, independente do tema abordado e de sua qualidade literária, “50 Tons” mostrou-nos o poder das redes sociais na promoção de livros e ideias.

2012 foi também o ano digital. E-books e autopulicação dominaram as discussões entre profissionais do mercado editorial nos Estados Unidos, Brasil e mundo. Editoras, grandes e pequenas, finalmente reconheceram a importância dos dispositivos móveis, como tablets e celulares no dia-a-dia dos leitores, e perceberam que o digital será um pedaço significativo de seus negócios. Com a revolução digital, livros agora podem ser lidos na tela do computador, em aparelhos celulares e em tablets, quando e onde o leitor quiser.

 A tecnologia digital possibilita, também, que um livro em papel seja impresso apenas quando existe um comprador, reduzindo-se assim os custos com estoque e logística. É a chamada impressão sob demanda que, embora não esteja recebendo tanta atenção quanto o e-book, também traz mudanças significativas à cadeia produtiva do livro. A tecnologia digital permite que editoras, distribuidoras e gráficas ao redor do mundo realizem parcerias estratégicas, imprimindo livros sob demanda em um local mais próximo ao consumidor final.

 No Brasil, devido a inúmeros fatores, literatura ainda é um luxo para poucos bolsos. Porém, em 2013, assistiremos a uma rápida massificação da cultura e do conhecimento. Impulsionados pela onda de autopublicação; pelo surgimento de novas editoras, muitas delas pequenas e inovadoras, a tendência é que os livros tornem-se produtos cada vez mais acessíveis à população em geral.

 Outra tendência para 2013 será a popularização de novas formas de publicação. Nos Estados Unidos, onde o mercado é maior e mais complexo, existem atualmente, diversos modelos e opções de publicação: desde a autopublicação; passando por "vanity press"(onde o autor paga para ter seu livro publicado); modelos híbridos de editoras que funcionam como cooperativas e até mesmo "crowdfunding" (grupos de pessoas que investem dinheiro em um determinado autor e livro de seu interesse). Embora, no Brasil, ainda predomine o modelo tradicional de publicação, o cenário está mudando a passos largos. Uma coisa é certa: a tecnologia digital veio para ficar, conectando autores diretamente aos leitores e fazendo com que a literatura torne-se um produto popular e mais acessível.