[Resenha] Muito Veneno e um pouco de lirismo - Leandro Andreo - Viaje na Leitura

22/02/2016

[Resenha] Muito Veneno e um pouco de lirismo - Leandro Andreo


Sinopse
Com uma poesia castamente lírica e pavimentando uma forma conscientemente elaborada – tendo como matriz a tradição poética e retórica, contudo, não limitando seu notório impulso criativo e definitivamente se distanciando da mácula estética do anacronismo, Leandro Andreo articula a poíesis desta obra intitulada MUITO VENENO, POUCO LIRISMO – se posicionando opostamente aos modismos estilísticos contemporâneos, o poeta emancipa esta obra reflexivamente lírica, majoritariamente direcionada numa labuta rítmica por entre a temática do amor, porem um amor que não é ingênuo, transitando pelos saberes secularizados dos clássicos, no apreender e dispor sensivelmente musical dos sintagmas, sem comprometer seu discurso que se desdobra por vezes pela lente crítica da arte contemporânea, ressonante certamente como a conjugada extensão reflexiva do diâmetro contemplativo presenciado no público que a materializa, se firmando definitivamente na oposição dos modismos poéticos.
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Minha Opinião:

Conheço o estilo do autor Leandro Andreo, porque tive a oportunidade de fazer a leitura crítica de suas obras, mas confesso que quando tenho a oportunidade de reler no formato impresso, a leitura torna-se uma nova surpresa para mim. Foi assim com Ivvi, e não foi diferente com Muito veneno e um pouco de lirismo.


Nesta obra, o autor utiliza sutilmente em seus versos de muito veneno, não literalmente é claro, para criticar a poesia moderna que nada exige do poeta, sem métrica, sem rima, a poesia perde a maior parte do seu encanto.

"Nesse texto emaranhado,
Pelas vírgulas tomado
Que abusa do travessão
Não existe alinhamento
Que resolva o sofrimento
De um poema sem refrão.

Ainda há tempo! Há tempo
De salvarmos os tercetos
Da temível extinção.

E cuidemos que os quartetos
Prefaciem os sonetos,
Fulgurando satisfeitos
Pela versificação."
Com maestria, desenvoltura e uma crítica feroz, este livro devora a poesia moderna, o autor sem delongas questiona "Por que não fazem poema como antes?", com redondilhas, maiores e menores, tercetos, quartetos, quintetos, sextetos. A poesia que encanta e que envolve, está em extinção. Versos sem rimas, não existe mais padrão, e essa poesia modernista incomoda, perturba e leva embora o legado dos poetas, outrora conhecidos como amantes, por versificar palavras de amor. Ainda em versos, o autor que das palavras faz rima, métrica e envolvendo o leitor diz:

"O belo poema, acredito,
É o qual estrofes contém
E metro nos versos também,
Sem abdicar de ser bonito
E dar seu recado, porém.

A poesia não é lugar
Dos estúpidos sem talento
Que fingem nela protestar.
A poesia vem pra encantar
Os corações em desalento.

Mas o poeta de hoje em dia,
Com este seu verso indigesto,
Cuja transgressão pretendia
Está denegrindo a poesia
Que abrigo neste manifesto."

Além dos versos que destilam veneno na poesia moderna, o autor eleva aos olhos do leitor com poemas adoráveis, encantadores, que emocionam, acalentam e chega ao coração endurecido. Um dos poemas que mais gostei, foi A Raposa do Príncipe 2, um dos versos dizia:

"Não te culpes por seres adorável.
Pessoas se cativam tempo todo,
Cativar, porém, pode ser engodo
Para tornar-te eterna responsável."

A poesia é uma arte, as palavras são poderosas e tem a função de emocionar, fazer com que venhamos a refletir sobre aquilo que lemos, além de poder contemplar e usufruir desta arte durante a leitura deste livro, os leitores poderão entender a revolta do autor com a poesia moderna, que não exige técnicas, que foram suprimidas pelos poetas da atualidade.

Tive o prazer de ler o livro do autor enquanto era ainda um esboço. Como sempre, talentoso e poeta veraz, transformou mais versos em hinos de amor, de beleza ímpar.

Recomendo a leitura a todos os públicos, principalmente aos amantes da poesia pura e sublime. Legado de Camões.

Ficha Técnica:

Editora: Kazuá
Autor: Leandro Andreo
Lançamento: 2015
ISBN: 9788555650062
Páginas: 102

Minha edição autografada




3 comentários

  1. Thaís,
    Poesia é beleza e emoção! Trata das questões humanas com força e sensibilidade!
    A proposta deste livro é inusitada e me deixou curiosa pelo seu posicionamento. Anotada sugestão!
    Beijos e boas leituras!
    Anna

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  2. Oi, Thaís!
    Que lindo! Realmente, a poesia é uma arte, um dom, e poucos são aqueles que com desenvolvê-los com maestria. Suas palavras me levaram a querer ler a obra o mais rápido possível.
    Desejo muito sucesso ao autor!

    Beijos,
    Dai | Cheiro de Livro Nacional

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  3. Oi, Thaís.
    Apesar de reconhecer que poesia é uma arte, não é meu estilo de leitura. Eu não consigo me concentrar, não sei porque... Mas acredito que para quem curte, essa é uma bela indicação!
    Beijos
    Camis - Leitora Compulsiva

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